04 - A HISTÓRIA DE ESTELA
Tessa
era uma idosa senhora que vivia num dos mais pobres bairros de Roma.
Pobre, sem amigos, fiava para ganhar a escassa subsistência.
Convertida
à religião cristã, Tessa muitas vezes se dirigia de noite às
catacumbas, onde pequeno grupo de consagrados cristãos se reunia
secretamente para o culto.
O
imperador Nero olhava com amargo ódio a todos os cristãos, e seus
soldados sempre estavam de vigia para prendê-los. Era plano desse
monstro, para exterminar a nova religião, mandar todos os cristãos
serem espedaçados por feras, para divertimento do povo romano.
Sendo
muito pobre e inteiramente desconhecida, Tessa nunca era molestada
pelos soldados e vivia em paz fiando, fiando o dia todo.
Certa noite bateram à
porta. Embora fosse tarde e ela nunca recebesse visitas, não temeu
levantar-se e abri-la. Que tinha a recear quem era tão pobre? Entrou
um homem, conduzindo pela mão uma meninazinha.
-
Lúcio exclamou Tessa, admirada. A esta hora! Que grave acontecimento
levou você, professor cristão, a expor-se aos perigos destas
escuras e perversas ruas?
-
Silêncio! Disse ele, levando o dedo aos lábios. Não posso
demorar-me. Foram presas hoje centenas de verdadeiros crentes.
Amanhã ou depois, serão lançados aos leões.
-
Ah! Que crime cometeram? Suspirou Tessa.
Lúcio
apenas meneou a cabeça e murmurou “ai”!
-
Esta menininha, continuou, trazendo para frente à criança, chama-se
Estela. Os pais foram levados e condenados à morte. Salvei-a e
trouxe-a aqui. Sei que a senhora é pobre. É lhe possível cuidar
dela?
-
Sim, certamente, respondeu Tessa. Sempre foi meu sonho ter uma frágil
criaturinha, como essa para amar e proteger. Agora Deus me concedeu
esse desejo. Louvado seja Seu nome!
Trabalharei
para duas, isso é tudo.
-
Deus a recompensará também por isso. E agora preciso ir. Adeus,
Estelinha. Que o céu as abençoe e as livre da mão dos ímpios!
-
Amém! Disse Tessa. Aonde vai a esta hora?
-
Unir-me no cárcere a meus infelizes irmãos. Cumpre-me levar-lhes,
em seus últimos momentos, o conforto da oração e da palavra de
Deus, e depois morrer com eles.
-
Quão nobre e bom é você! volveu Tessa, inclinando-se.
Estela
era uma criança doce e terna, e sua presença foi um raio de sol na
pobre habitação de Tessa. Nada sabia da terrível sorte dos pais e,
pequenina como era, logo se habituou ao novo lar. Começou a chamar a
Tessa “mãe” e interessou-se profundamente na fiação.
Passaram-se
assim longos anos e a criança tornou-se encantadora moça. Nada veio
empanar o brilho da quieta casinha, e Tessa começou a nutrir
esperanças de ter o imperador encontrado algum outro divertimento
que não o de matar cristãos.
Ah!
Em breve deveria ser-lhe desfeita a ilusão. Circulou em Roma a
notícia de que a estátua de Nero fora danificada por pequeno grupo
de cristãos e, sem verificar se isso era ou não verdade, o
imperador começou a castigá-los mais que antes.
Dessa
vez Tessa e sua amiguinha não escaparam. Foram levadas por soldados
e postas em celas separadas, entre outros infelizes prisioneiros,
todos condenados à morte.
Chegou
a manhã do fatal dia em que todos deveriam ser lançados às feras.
As celas em que estavam encerrados os crentes eram prisões ao redor
da grande arena, ou circo, e a ela davam acesso, separadas por barras
de ferro. Através dessas barras, os infelizes prisioneiros que
ainda esperavam sua vez, viam os companheiros sendo mandados à
morte.
Os
assentos ao redor do vasto circo elevavam-se fileira sobre fileira e
estavam tomados por pessoas que se compraziam em assistir a esses
terríveis espetáculos. Ninguém os apreciava mais que o próprio
Nero. Lá estava ele no camarote imperial, numa espécie de
embriagado torpor, contemplando a tortura dos cristãos.
As
últimas a serem mandadas para a arena foram Estela e a velhinha. Ao
ver Tessa, a menina exclamou: “Oh, Mamãe!”. Correu para ela
pondo-lhe os braços em volta do pescoço. Estela não viu os leões,
nem o imperador, nem o vasto auditório que a contemplava, mas
unicamente a amiga, a quem estreitou nos braços.
De
repente Tessa soltou um grito penetrante. “Olhe”! Disse ela
apontando para frente, com mão trêmula. Estela voltou-se. Enorme
leão africano para elas se dirigia com passo lento e majestoso.
Tessa
ajoelhou-se e começou a orar. Estela, encarando o leão, postou-se
firmemente em frente da senhora, como para protegê-la. Nessa
posição, olhava resolutamente ao animal, enquanto de todos os lados
se levantavam murmúrios de admiração. Até o imperador, surpreso
ante a estranha cena, inclinou-se para frente.
O leão
avançava. Estela estendeu os braços para fechar o caminho entre a
fera e sua mãe adotiva. Os romanos nunca tinham visto tanta coragem,
e estrepitosos aplausos encheram o ar.
Ao
ver o que aconteceu caminhou-se para o terrível animal, ajoelhou-se
e, pondo-lhe os braços em volta do pescoço, acariciou-o suavemente.
Ele deteve-se por um momento, entre os braços da jovem, e depois,
vagarosa e calmamente, voltou-se e foi-se embora.
Nero
riu-se. Agradou-lhe a romântica cena. Essa pequena fez alguma coisa
nova, disse ele. Não vemos todos os dias tal coragem. Que ela e a
mãe sejam postas em liberdade.
Minutos
depois, ambas se dirigiam para casa, louvando a Deus pelo milagre que
operara para salvá-las.
Responda:
2
– Quais são os personagens?
3
– Onde se passa a história?
4
– Crie um outro final para essa história.
5
– Retire do texto 6 adjetivos, 5 substantivos, 4 verbos, 3
pronomes, 2 conjunções e 1interjeição.
6 - Encontre 7 conjunções e especifique cada uma.
6 - Encontre 7 conjunções e especifique cada uma.
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